A usina hidrelétrica de Rosal, primeira usina da CEMIG fora do estado de Minas Gerais, tem sua história registrada no livro "Usinas da CEMIG - A história da eletricidade em Minas e no Brasil - 1952 - 2005". Confira abaixo:
"A usina hidrelétrica de Rosal está localizada
no rio Itabapoana, na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, em
área pertencente ao município fluminense de Bom Jesus do Itabapoana e aos
municípios capixabas de Guaçuí e São José do Calçado. Construída pela Empresa
de Eletricidade Vale Paranapanema (EEVP), integrante de um conglomerado de
empresas privadas de geração, distribuição e comercialização de energia (Grupo
Rede), a usina de Rosal passou ao controle da Cemig em 2004.
O primeiro estudo sobre Rosal foi realizado
em 1942 por iniciativa do governo do estado do Rio de Janeiro e sob a
responsabilidade do engenheiro Edmundo Franca Amaral, tendo em vista a implementação
de programa de eletrificação na região norte fluminense. O estudo de Franca
Amaral previu a construção de Rosal e mais três usinas no rio Itabapoana.
Durante longo período, o governo do estado do
Rio não tomou medidas concretas quanto ao aproveitamento de Rosal. Em 1959, a
Companhia Brasileira de Engenharia (CBE), contratada para elaboração de um
plano de eletrificação estadual, reviu o estudo de Franca Amaral, recomendando
novos parâmetros para a usina e o sistema hidrelétrico do rio Itabapoana.
Em 1965, a Centrais Elétricas Brasileiras
(Eletrobrás) chegou a estudar um esquema de financiamento para a construção de
Rosal e seu sistema de transmissão associado. Entretanto, o projeto da usina
recebeu parecer desfavorável dos consultores do consórcio Canambra e do Comitê
Coordenador dos Estudos Energéticos da Região Centro-Sul. Em meados de 1966, a
holding federal manifestou-se pelo adiamento das obras de Rosal, considerando
mais vantajosa a opção de suprimento de energia ao norte fluminense pelo
sistema interligado regional.
Em 1991, a Companhia de Eletricidade do
Estado do Rio de Janeiro (Cerj), concessionária pública estadual, retomou a ideia
da construção de Rosal, contratando a Engevix Engenharia para a elaboração do
estudo de viabilidade e do projeto básico da usina.
O capital privado assumiria a
responsabilidade pela execução do empreendimento na esteira das reformas
institucionais que modificaram o quadro regulador do setor elétrico brasileiro
no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998). Um dos
passos fundamentais para a abertura do setor à participação do capital privado
foi dado em fevereiro de 1995 com a promulgação da lei nº 8.987, que
condicionou a outorga da concessão de serviços públicos à sua licitação,
determinando ainda a extinção das concessões com obras não iniciadas. Em abril
do mesmo ano, o governo federal decretou a extinção de 33 concessões para
aproveitamentos hidrelétricos, entre as quais, a da Cerj para Rosal.
Em 1996, o Departamento Nacional de Águas e
Energia Elétrica (DNAEE) publicou edital de licitação para a construção e
exploração do aproveitamento de Rosal, estabelecendo como critério de
julgamento a oferta de menor tarifa para geração. A concorrência foi ganha pela
Empresa de Eletricidade Vale do Paranapanema (EEVP), empresa responsável pela
distribuição de energia elétrica em vários municípios do interior paulista. Os
demais concorrentes no processo licitatório foram a Companhia
Cataguases-Leopoldina, a Espírito Santo Centrais Elétricas (Escelsa) e a Cemig,
em consórcio com a empresa de engenharia Promon.
Em abril de 1997, o DNAEE anunciou o
resultado da concorrência e o governo federal outorgou à EEVP a concessão para
o aproveitamento de Rosal. As obras civis principais foram iniciadas em
fevereiro de 1998 sob a responsabilidade da Construtora Andrade Gutierrez com o
apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
O empreendimento foi concluído em menos de
dois anos. A primeira unidade geradora entrou em operação comercial em dezembro
de 1999 e a segunda em janeiro de 2000. As duas unidades são compostas por
geradores de 27,5 MW de potência, fornecidos pela Asea Brown Boveri (ABB), e
turbinas tipo Francis, com eixo vertical, fabricadas pela Alstom. A usina foi
conectada ao sistema elétrico da Escelsa por meio de duas linhas de transmissão
de 69 kV, implantadas até as subestações de Alegre e Mimoso, no sul do Espírito
Santo, somando 77 km de extensão.
O arranjo geral do aproveitamento compreende
barragem de concreto compactado a rolo (CCR), vertedouro de lâmina livre com 55
m de comprimento, tomada d’água tipo torre na margem esquerda do reservatório
próximo ao barramento, túnel de adução escavado na rocha com 4.689 m de extensão,
chaminé de equilíbrio embutida no solo, duto blindado de 173 m, casa de força e
canal de fuga com 28 m de comprimento.
Em maio de 2000, a concessão da hidrelétrica
foi transferida da EEVP para a empresa Rosal Energia, em consequência do
processo de reestruturação interna do grupo Rede. A quase totalidade das ações
da Rosal Energia foi adquirida no mês seguinte pela Caiuá Serviços de
Eletricidade, holding operacional do grupo Rede.
Em dezembro de 2004, a Cemig adquiriu o
controle acionário da Rosal Energia mediante o pagamento de R$ 134 milhões. A
operação foi aprovada no mesmo mês pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) através da resolução nº 423. Rosal foi a primeira grande usina
adquirida pela estatal mineira fora do estado de Minas Gerais."
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